Montagem produzida no DAD, baseada em contos de caio fernando abreu, com orientação de gisela habeyche. assisti hoje ao meio dia na sala alziro azevedo, com bom público, o exercício teatral proposto pelas atrizes, provavelmente algum trabalho ligado a cadeira de interpretação. o texto debochado, contemporâneo e agudo de caio se sobessai. é o melhor da peça. as atrizes, em que pese a nítida falta de uma direção, estão desenvoltas em cena. todas tem uma boa voz e são raros os momentos em que não se entende o que alguma delas fala. as três interpretam a mesma personagem e vão desfiando a história, modernamente, de maneira fragmentada, com rasgos corporais. muriel está muito melhor aqui do que em "roberto zucco", talvez porque se sinta mais dona do processo e do trabalho. está mais à vontade, mais inteira e mais colocada. em silêncio, é sempre a melhor das três. daniela tropeça na própria bebedeira, tira partido cômico de seu texto, mas perde ao representar apenas exteriormente o porre que toma quando flagra o namorado transando com a empregada. fernanda ja começa "sofrendo", mantém-se segura e firme, mas comete aqui e ali alguns exagêros desnecessários. elas poderiam ter se espelhado uma nas coisas boas das outras. muriel parece ser a que alcança mais profundidade. daniela mais comicidade. fernanda mais empatia. falta aquela direção que poderia " limpar", dar brilho e nitidez tanto as interpretações, quanto aos pequenos detalhes criados pela atrizes, que se perdem na falta de foco, numa certa "sujeira" que se faz presente na peça. no final, o público é convidado a dar uma nota de zero à cinco ao espetáculo. então, dando um ponto a cada atriz, descontando-se o ponto que caberia a direção e subtraindo o ponto que caberia a concepção cênica, fica-se com um 3. o que, convenhamos, pra qualquer crítico que se preze, é uma boa nota.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
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