quinta-feira, 24 de abril de 2008

MARGARIDAS SOLTAS NO PALCO



Montagem produzida no DAD, baseada em contos de caio fernando abreu, com orientação de gisela habeyche. assisti hoje ao meio dia na sala alziro azevedo, com bom público, o exercício teatral proposto pelas atrizes, provavelmente algum trabalho ligado a cadeira de interpretação. o texto debochado, contemporâneo e agudo de caio se sobessai. é o melhor da peça. as atrizes, em que pese a nítida falta de uma direção, estão desenvoltas em cena. todas tem uma boa voz e são raros os momentos em que não se entende o que alguma delas fala. as três interpretam a mesma personagem e vão desfiando a história, modernamente, de maneira fragmentada, com rasgos corporais. muriel está muito melhor aqui do que em "roberto zucco", talvez porque se sinta mais dona do processo e do trabalho. está mais à vontade, mais inteira e mais colocada. em silêncio, é sempre a melhor das três. daniela tropeça na própria bebedeira, tira partido cômico de seu texto, mas perde ao representar apenas exteriormente o porre que toma quando flagra o namorado transando com a empregada. fernanda ja começa "sofrendo", mantém-se segura e firme, mas comete aqui e ali alguns exagêros desnecessários. elas poderiam ter se espelhado uma nas coisas boas das outras. muriel parece ser a que alcança mais profundidade. daniela mais comicidade. fernanda mais empatia. falta aquela direção que poderia " limpar", dar brilho e nitidez tanto as interpretações, quanto aos pequenos detalhes criados pela atrizes, que se perdem na falta de foco, numa certa "sujeira" que se faz presente na peça. no final, o público é convidado a dar uma nota de zero à cinco ao espetáculo. então, dando um ponto a cada atriz, descontando-se o ponto que caberia a direção e subtraindo o ponto que caberia a concepção cênica, fica-se com um 3. o que, convenhamos, pra qualquer crítico que se preze, é uma boa nota.

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