quinta-feira, 24 de abril de 2008

CLOWSSICOS



CLOWNSSICOS está de volta. Recauchutada (no bom sentido), a peça criada e dirigida por Daniela Carmona, que estreou em 2004, como espetáculo de final de curso do TEPA, retorna à cartaz em montagem profissional da Cia do Giro, com financiamento do Fumproarte. O enredo, clowns interpretam clássicos da dramaturgia universal, é raso, batido. Recurso muito usado no teatro e que aparece em diversas peças, como por exemplo, A Comédia dos Amantes, roteiro de Luís Arthur Nunes, dirigido por Oscar Simch. Daniela Carmona assina novamente o roteiro, adaptação e direção da encenação, além de atuar como uma espécie de protagonista, ou, conforme o seu clow, a que mais aparece. As adaptações das histórias clássicas buscam sempre o riso fácil, mas nem sempre são engraçadas, e utilizam em demasia a figura do narrador, o que prejudica o andamento da peça. Talvez os clowns de Daniela devem-se permanecer com "os temas "menores" que envolvem o riso" e daí fossem bem mais engraçados. O elenco tem três nomes fortes: a própria Daniela, Adriano Basegio e Arlete Cunha. Os outros são João Pedro Madureira, Léo Maciel e Larissa Sanguiné. O primeiro tem que se aplicar mais, muito mais. Os dois últimos, Léo e Larissa, eram formandos na montagem de 2004, e agora se esbaldam divertindo-se pra valer e arrancando bons momentos e risadas da platéia. São os melhores apesar de valerem-se durante todo o espetáculo das mesmas gags e dos mesmos truques. Léo tem uma impagável "cara de criança cagada". Minha honorável amiga Arlete Cunha está deslocada. Não rende e seu clown é o mais apagado da peça. Em geral achei a peça excessivamente gritada. Ou talvez, eu estivesse muito perto do palco. Logo me cansei do roteiro repetitivo e da marcação pobre da peça. Antônio Rabadan se sai melhor com os figurinos do que com o cenário que é apenas uma prática, bonita e alegre ambientação para o espetáculo. A cena de tecido é desnecessária. Assim como achei extremamente desnecessário e gratuito aquele final surpreendente. Confesso que não entendi. Pra quê? Desafiar as estruturas? Romper com a quarta parede? Chocar o público?
Enfim, é um espetáculo honesto, onde aparecem: uma entrega dos atores durante todo espetáculo; uma tentativa de realizar uma comédia acima da média portoalegrense; e sem dúvida, uma vontade intensa de fazer teatro. Parabéns a todos. M.F.

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