Dos três trabalhos de conclusão de curso do DAD tive oportunidade de assitir dois. Infelizmente, perdi a peça "DESVARIO" dirigida por Tainah Dadda. Assisti a apresentação de Letícia Chiochetta, uma adaptação de "A Prima-Dona" de Alcione Araújo, e ANÔNIMAS, peça livremente inspirada em contos do escritor Rubens Fonseca, adaptados pela diretora Juliana Brondani.
No primeiro trabalho, a jovem atriz enfrenta um tour de force ao representar uma personagem que se espelha na reverenciada Maria Callas, em um monólogo escrito em 1992, sob encomenda para Marília Pêra, intérprete virtuosística que atua via de regra em musicais onde explora seu talento e a técnica desenvolvidos para o canto e a dança. Já, Letícia Chiochetta somente em alguns momentos parece sair-se bem ao explorar as difíceis melodias que aparecem no espetáculo. Em alguns momentos mostra-se insegura. A atriz aparece concentrada, tem uma ótima projeção de voz, sendo que em pouquíssimos momentos deixa-se de entender o que ela fala, movimenta-se bem e passa com naturalidade do teatro para as canções que interpréta. No geral, me parece que faltou direção ao espetáculo e que, se o exercício de Letícia tivesse a metade do tempo de duração que tem, o resultado seria melhor, pois ao final os aplausos foram apenas protocolares e restou, em mim pelo menos, a sensação de uma peça longa e chata.
A outra peça, ANÔNIMAS, apresentada também na Sala Qorpo Santo, era interpretada por duas jovens atrizes: Fernanda Nascimento e Luísa Herter, e pela ex-dadiana, que atualmente integra a Cia Stravaganza, Sofia Salvatori, todas sob direção da formanda Juliana Brondani. O que vi foi um trabalho incipiente em todos os sentidos. Desde uma fraca dramaturgia, que era mau arranjada, falhava nas costuras do espetáculo e não propiciava o crescimento nem os clímaxes das cenas à luz, que, ao meu ver, não soube aproveitar com eficiência os parcos recursos de iluminação com os quais a poderosa UFGRS segue dotando uma sala tão boa para experimentos teatrais em palco italiano. Ou não. Já assisti várias montagens que ousaram além do palco italiano... A direção não consegue extraír o melhor de cada atriz e isso faz com que cada uma delas permaneça no mesmo registro dramático durante praticamente todo o espetáculo. Fernanda Nascimento consegue alguma empatia com a platéia somente no último terço da peça, e ganha vida e brilho na cena com o plástico bolha que ela aproveita muito bem. Luísa Herter, tem uma bonita figura em cena e, apesar de vê-la pela primeira vez, me bateu que poderia ir mais além do que foi. Seu corpo se move bem, soa voz é boa, embora a emissão, não seja e nem sempre suas ações são críveis. O fato de ja ter dirigido, a terceira atriza da peça, Sofia Salvatori, na montagem da peça BLITZ (de Bosco Brasil), confirmou-me a certeza de que todas poderiam ter dado mais si. Suado um pouco mais. Ensaiado um pouco mais? Sofia, que faz um trabalho brilhante em "TEUS DESEJOS EM FRAGMENTOS", dirigido pela minha grande amiga e colega Adriane Mottola, está apenas eficiente. Credito isso a direção, a dramaturgia, a repetição excessiva de marcas e aos repetidos movimentos multiplicados por três que deixam o espetáculo previsível.
Para encerrar, quero dizer que acho que o problema maior está no DAD. Na aprisionante estrutura acadêmica , na fracas exigências da orientação, na existência de professores substitutos (ja que a universidade, ao invés de abrir um concurso e fixar um quadro de bons professores, prefere contratar alguns professores de dois em dois anos), na falta de ensaio, na falta de tempo e amadurecimento das coisas que ali são produzidas e, principalmente, na falta de fazer teatral que acomete o Departamento. Já disse em outro texto e repito aqui: qualquer aluno da Terreira da Tribo ou do Depósito de Teatro faz muito mais teatro em um ano do que o os alunos do DAD em quatro. É pra se pensar ou não é? Que diretores e atores estamos formando?
No primeiro trabalho, a jovem atriz enfrenta um tour de force ao representar uma personagem que se espelha na reverenciada Maria Callas, em um monólogo escrito em 1992, sob encomenda para Marília Pêra, intérprete virtuosística que atua via de regra em musicais onde explora seu talento e a técnica desenvolvidos para o canto e a dança. Já, Letícia Chiochetta somente em alguns momentos parece sair-se bem ao explorar as difíceis melodias que aparecem no espetáculo. Em alguns momentos mostra-se insegura. A atriz aparece concentrada, tem uma ótima projeção de voz, sendo que em pouquíssimos momentos deixa-se de entender o que ela fala, movimenta-se bem e passa com naturalidade do teatro para as canções que interpréta. No geral, me parece que faltou direção ao espetáculo e que, se o exercício de Letícia tivesse a metade do tempo de duração que tem, o resultado seria melhor, pois ao final os aplausos foram apenas protocolares e restou, em mim pelo menos, a sensação de uma peça longa e chata.
A outra peça, ANÔNIMAS, apresentada também na Sala Qorpo Santo, era interpretada por duas jovens atrizes: Fernanda Nascimento e Luísa Herter, e pela ex-dadiana, que atualmente integra a Cia Stravaganza, Sofia Salvatori, todas sob direção da formanda Juliana Brondani. O que vi foi um trabalho incipiente em todos os sentidos. Desde uma fraca dramaturgia, que era mau arranjada, falhava nas costuras do espetáculo e não propiciava o crescimento nem os clímaxes das cenas à luz, que, ao meu ver, não soube aproveitar com eficiência os parcos recursos de iluminação com os quais a poderosa UFGRS segue dotando uma sala tão boa para experimentos teatrais em palco italiano. Ou não. Já assisti várias montagens que ousaram além do palco italiano... A direção não consegue extraír o melhor de cada atriz e isso faz com que cada uma delas permaneça no mesmo registro dramático durante praticamente todo o espetáculo. Fernanda Nascimento consegue alguma empatia com a platéia somente no último terço da peça, e ganha vida e brilho na cena com o plástico bolha que ela aproveita muito bem. Luísa Herter, tem uma bonita figura em cena e, apesar de vê-la pela primeira vez, me bateu que poderia ir mais além do que foi. Seu corpo se move bem, soa voz é boa, embora a emissão, não seja e nem sempre suas ações são críveis. O fato de ja ter dirigido, a terceira atriza da peça, Sofia Salvatori, na montagem da peça BLITZ (de Bosco Brasil), confirmou-me a certeza de que todas poderiam ter dado mais si. Suado um pouco mais. Ensaiado um pouco mais? Sofia, que faz um trabalho brilhante em "TEUS DESEJOS EM FRAGMENTOS", dirigido pela minha grande amiga e colega Adriane Mottola, está apenas eficiente. Credito isso a direção, a dramaturgia, a repetição excessiva de marcas e aos repetidos movimentos multiplicados por três que deixam o espetáculo previsível.
Para encerrar, quero dizer que acho que o problema maior está no DAD. Na aprisionante estrutura acadêmica , na fracas exigências da orientação, na existência de professores substitutos (ja que a universidade, ao invés de abrir um concurso e fixar um quadro de bons professores, prefere contratar alguns professores de dois em dois anos), na falta de ensaio, na falta de tempo e amadurecimento das coisas que ali são produzidas e, principalmente, na falta de fazer teatral que acomete o Departamento. Já disse em outro texto e repito aqui: qualquer aluno da Terreira da Tribo ou do Depósito de Teatro faz muito mais teatro em um ano do que o os alunos do DAD em quatro. É pra se pensar ou não é? Que diretores e atores estamos formando?
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