Feliz de mim que fui agraciado com este belo espetáculo. Confesso que sempre vou ao teatro com o espírito de gostar do que vou ver. Em relação a "Crucial", me senti estimulado a gostar desde o convite que recebi. Uma linda proposta gráfica que em mim despertou a curiosidade de assistir a peça. Havia também a obrigação de amigo de ver a Vanise Carneiro. Pois gostei do trabalho dela em cena. Gostei muito. Vejo maturidade. Vejo entrega. Cresceu imensamente do trabalho anterior (MacBeth, da Patrícia Fagundes) para este. Crucial é algo ou alguma coisa ou alguém ou alguma situação muito importante, capital, mas é também sinônimo de difícil, árduo, decisivo. A mim parece que a Vanise foi desafiada neste trabalho. Desafiada pelo texto diferente e ousado de Paulo Scott. Desafiada pela direção de Gilson Vargas. E, porque não, pela atuação exímia e exemplar do Marcos Contreras que tá arrasando. Tem momentos de raro brilho. Aqueles momentos em que o teatro acontece. Então ela caiu num daqueles momentos decisivos = crucial. O Gilson, vai entrando com o pé direito na direção teatral, e de quebra traz do cinema alguns cortes e efeitos muito inventivos e uma estética que permeia a peça. O espetáculo tem uma limpeza de detalhes e uma clareza de proposta. O texto é bom, legítimo Paulo Scott, é interessante quase todo tempo. Mas não todo o tempo. Em alguns momentos ele me parece longo. O espetáculo acontece num estado crucial, num fio de navalha pavoroso, pois transita entre as fronteiras do cinema, da hq, da ficção científica, asimov, edgar allan poe, dos contos fantásticos, hoffmann, e até do teatro. Bacana. Me senti divertido e saí bem do teatro. Tão feliz quanto havia entrado. E aí parece que está o pecado do espetáculo. Ele se mantém frio, futurista, distante. A gente acompanha, mas não se envolve. Conversando com as pessoas com as quais eu estava ficou em todos uma sensação boa mas com a nítida falta de algo que ninguém soube explicar. Mas assim é o teatro.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
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