Sei que parece sacanagem ir ver peça de colega no segundo dia, mas não deu para ir no primeiro e ganhei um convite para a segunda apresentação de ANTÍGONA BR que aconteceu no magnífico Theatro São Pedro. A peça tem direção de Jessé Oliveira, de quem eu posso dizer que acompanho o trabalho pois tenho visto muitas de suas produções, inclusive sua montagem anterior à frente deste mesmo Grupo Caixa Preta, HAMLET SINCRÉTICO. Aliás, mantendo uma tendência atual, perceptível em várias peças, esta ANTÍGONA BR segue na linha encontrada em Hamlet Sincrético. Assim como Enrique Diaz persegue em "A Gaivota" a mesma fonte do seu "Ensaio.Hamlet". E Patrícia Fagundes segue as descobertas do "Sonho..." na sua "Megera...".
ANTÍGONA BR, numa tentativa de aprofundar as idéias e temas já apresentados no espetáculo anterior, oferece ao público uma confusa salada onde os ingredientes são algumas tragédias gregas, muitos elementos da cultura afro-brasileira (capoeira, griot, culto aos orixás, signos, ritos e mitos africanos), catolicismo popular e um pouco de linguagem pop, tudo isso temperado com cantos e músicas afro-brasileiras sob direção Luiz André da Silva.
Colocando de lado os problemas de ritmo desandado, má articulação entre as cenas e a excessiva e prolongada duração do espetáculo, problemas estes que são totalmente contornáveis na sequência das apresentações, a nova peça do Caixa Preta encontra-se assentada na dramaturgia pra lá de confusa assinada por Viviane Juguero, na minha opinião um dos maiores problemas do espetáculo.
Os figurinos de Raquel Capeletto são excelentes, dão colorido, brilho e auxiliam na composição e na identificação dos personagens. A iluminação também aparece de maneira eficiente. As coreografias de Joca Vergo, além de eficientes, dão brilho ao espetáculo, mas padecem também do mal da confusão ou falta de clareza.
A direção de Jessé Oliveira apresenta lances surpreendentes, de altíssima criatividade, entremeados com momentos completamente perdidos e vazios onde se percebe que o diretor ou não teve tempo para pensar melhor a respeito, ou realmente não conseguiu definir a contento. Uma direção de altos e baixos, problematizada por uma dramaturgia sem clareza que pretendeu abarcar muitas histórias de uma só vez, mas também pelas escolhas feitas pelo diretor, como é o caso do inexplicável uso de duas atrizes para representar Antígona.
O elenco é um caso à parte. Acompanho o trabalho de alguns atores desde TRANSEGUN e, por incrível que possa parecer, em alguns não identifico crescimento. Continuam os mesmos amadores de sempre. Gestos mal acabados, gritaria exagerada, dicção ruim, corpo sem presença. Ou se exigem pouco e se vêem como amadores, ou estão sendo pouco puxados pela direção. Desta montagem cabe destacar apenas o trabalho de Lucila Clemente que fez uma belíssima composição para o seu personagem no coro dos velhos. Quanto aos outros, se ninguém brilha, ninguém compromete. O que, cá entre nós, é muito pouco.
O elenco é um caso à parte. Acompanho o trabalho de alguns atores desde TRANSEGUN e, por incrível que possa parecer, em alguns não identifico crescimento. Continuam os mesmos amadores de sempre. Gestos mal acabados, gritaria exagerada, dicção ruim, corpo sem presença. Ou se exigem pouco e se vêem como amadores, ou estão sendo pouco puxados pela direção. Desta montagem cabe destacar apenas o trabalho de Lucila Clemente que fez uma belíssima composição para o seu personagem no coro dos velhos. Quanto aos outros, se ninguém brilha, ninguém compromete. O que, cá entre nós, é muito pouco.
Pra concluir, acho que o trabalho de Jessé não terminou. Ainda tem muita coisa pela frente se quiser pelo menos aproximar-se da realização anterior.
M.F.
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